O FADO É O FARDO


Ontem, dia 22 de abril de 2008 estava no Hotel Glória, no Rio de Janeiro, fazendo um curso Avatar que é meio meditação, meio autoconhecimento. O trabalho é uma ferramenta desenvolvida por Harry Palmer, psicólogo e educador, que pegou as ferramentas religiosas e de psicanálise, tirou os rituais e criou um manual prático de auto-modificação. É auto mesmo, sem dogmas e crenças. Você faz, você cria e pronto, muda o seu foco de vida.

Bem, éramos um grupo bem eclético, uma simpática funcionaria pública a procura do amor, um massagista  “cego” (sim gente vamos parar de hipocrisia, porque vc citou cego? que preconceito! é inusitado fazer trabalho de auto-conhecimento aonde temos que “ver” a vida de um outro angulo com um cego), uma agrônoma a procura de definição profissional e eu ........ eu......................................................a procura de , Nemo!!!! Bem, acho que a procura de estabilidade monetária, mas, na verdade a procura de tudo...

No meio do trabalho pude perceber que o cego era bem divertido, super interessante, ele é massagista em uma academia em Ipanema! e ao mesmo tempo bem profundo....claro,imagina a experiência de vida dele. Lá fizemos uma graça- ele que também procurava um amor assim como a funcionária pública deveria se casar com ela e os dois irem morar na minha casa, era 3 em 1, se resolviam os corações e a minha conta bancária :-0! E sabe o que ele soltou? Que um dia um cara propôs a ele pedir esmola na rua e o tal cara pagaria a ele R$200,00 por dia, uma baba. Falou do mercado da miséria.

Mas, foi na volta à casa que eu me descobri com um caminhão de pré- conceitos e vícios familiares! Ele, seriamente, me propôs de ir morar na minha casa o que não seria nada mal, ele é super engraçado, altíssimo astral, mas, meu mundo caiu, fiquei imaginando se eu dividiria meu ap com um homem, mas, na verdade eu estava era refletindo se dividiria com um cego e é nessas horas quando vc se vê de fato, realmente, diante de uma situação real de decisão que brotam os preconceitos. Eu trabalho com social, ONG´s, trabalhei com cegos no jogo Para-panamericano e me vi exalando preconceitos, assim, você pode imaginar outras pessoas que nem vêm o entorno. Botei na balança prós e contras... de pró? Além de economizar, dividir o ap com alguém super vivido e inteligentíssimo, e principalmente um MASSAGISTA, isso mesmo amigas! MASSAGISTA! Olha que maravilha ter em casa um massagista, eu pensei em resolver o estresse e ainda colocar uma roleta na porta de casa e cobrar das amigas as secções, que tal?

Na verdade ali se abriu uma cratera sob meus pés, lembrei-me de uma campanha de uma querida amiga Nádia Rebouças que apresentava o seguinte teaser: aonde vc guarda o seu preconceito? Questionei morar com um cego, mas também vi o lado interesseiro de economizar e ter massagens em casa é o velho lado lobo mau e chapeuzinho vermelho que todos nós temos.









Mas porque o problema? Se não quiser basta dizer NÃO! Ai que medo dessa palavra NÃO! É a culpa católica, a capa de vitima, sofria, arrastando a cruz que nós temos? Resolvi questões no curso Avatar e voltei para casa com outras: como dizer não! e sou preconceituosa! Vim trabalhando essas questões com a caronera, amigas e máster Avatar Iliana. Primeiro coloquei a culpa no pai- que sempre me ensinou que na vida temos que ser cordiais, gentis, ter traquejo (saber falar como desde um Presidente da Republica até um super hiper menos favorecido, para não dizer a palavra mendigo) -chega de tanto coisa politicamente incorreta no texto- de maneira gentil. Depois fui cutucando mais e coloquei a culpa na mãe (e Freud felicíssimo), descobri que minha família do lado materno, luso-católica exercita o dar ao próximo em exagero, tudo tem que ser para os outros. Isso na minha família é exacerbado, nós perdemos tanto tempo no:

 - fica vc,
- não fica vc,
- deixa de ser boba fica você!;
- ai to te incomodando né?
-QUE ISSO! Vc esta me ajudando isso sim;
-Não,  to  te incomodando sim!
Isso leva em media 15 minutos,ou seja, é melhor pedir, fazer e pronto, incomodando ou não do que ficar neste fardo... Isso sim incomoda! Acaba que você fica naquele exercício do pedir, sem pedir, e dar sem querer dar, ou dar com culpa, está sempre faltando algo a mais, nunca você foi suficientemente atenciosa.... e por ai vai! é não ser de todo sincero e sinceridade é primo do mal educado (pelo menos para os luso-católicos). Também pudera você já escutou um fado? Ele, o bom fado?


Abaixo as pérolas: (mas tem que se ouvir tomando o bom vinho e ouvindo na versão Amália Rodrigues)

Ø  -Numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa e se a porta HUMILDEMENTE bate alguém senta-se à mesa com agente (....) a alegria da POBREZA esta nesta grande riqueza de DAR E FICAR CONTENTE
(Casa Portuguesa)

Ø  “Não sente a cruz tão pesada na longa estrada da desventura (...) eu só entendo o fado plangente, amargurado, à noite a soluçar baixinho, que chega ao coração tão magoado, tão frio quanto as neves do caminho (...)  dirão que isso é fatal é natural, mas, é lisboeta isso que é que o fado
(Fado Lisboeta)

Ø  Não namoras os franceses, menina Lisboa, Portugal as vezes é leigo mas certas coisas não PERDOA! Ver-te bem no espelho desonrado e velho que o seu belo exemplo atrai, vai segue seu leal conselho não de desgosto ao seu pai (...) Lisboa não sejas francesa com TODA CERTEZA NÃO VAIS SER FELIZ
(Lisboa não sejas francesa)

Um comentário:

kiko nazareth disse...

VIAGEM VERBALIZADA, BOM ENTRETENIMENTO, RI PRAZEIROSAMENTE, DUDA, BEIJOS!